fim

É do fim que se começa. Então, viajante, saímos agora do fim. Da pedra. Da vida de pedra. Estamos renascendo agora neste diário novo. Você e eu, viajante. E se estamos começando esta viagem agora, lembre-se: é importante manter-se vivo. Mesmo que como uma pedra. Vamos, pegue suas coisas.

17 dezembro 2009

dezessete de dezembro

estou falando de vc recebi stella carson branca sempre aprendemos que as cores das rosas são as cores de nossos olhos. estou falando de mim

02 novembro 2009

nuage

nas aléas onde jazem as felicidades
as lembranças....

numa voz translúcida,
choro mil palavras por nós.

13 setembro 2009

fraude

os poetas nos fazem promessas de vontades.

09 agosto 2009

susto

quando me olhei no espelho vi que era eu.

23 maio 2009

intervalo

meu pai morreu hoje

eu, andarilho,
outro universo
conhecido

eu aposto que posso me explicar

eu, aposto:
o mesmo eu,
novo lugar

17 maio 2009

licao

em foi num dedo de balsamo
que gritei de dor

e foi num colo de ossos
que me senti seguro

e foi num olho agredido
que enxerguei tudo

e que preciso,
agora,
ser, finalmente,
eu.

08 maio 2009

pus

Ahhhhhhhhhhhhhh!
Todas as tentativas eu fiz
para cessar essa infeccao!

Mas meu amor putrido
transborda em poros

em qualquer espelho
me envergonho do
cadaver

e nos voos de gaivota
retratados, incolumes
penso num dia que possa
ser condor em penhascos livres

de promessas
de duvidas
de desejos
impossiveis e etilicos "per se"

deitado,
agarro a mao mais
proxima
e de maos atadas
distorcidas pela forca

durmo
rasgando cada musculo
e toda sobra de
desejo

18 abril 2009

wonderland

nas lutas de crianças,
no reflexo do ator,
nas milhares de bicicletas,
no caminho do antigo emprego:

andei por sua mente
e fui consigo.
sem conseguir sua alma,
comigo.

22 março 2009

pedaços

avanço em dor
e compasso
para o meio do peito

e no pouco caminho
vejo o rochedo
que envolve a respiração

se forço o querer
e divirjo da luz
engano a razão

ajoelho o espírito
e embaixo reparo:
já sou chão

14 março 2009

contratos

demiti meu pai
e na despedida o julguei
pelo tempo em que fui seu pai

demiti o sol
e o eclipse me cega
em cada vez que abro os olhos

demiti meu amor
mas o globo me engole por ser cobrado
diariamente por ele

demiti os sonhos
e não consigo arrumar mais nada

13 fevereiro 2009

miles

15,5 dia de fevereiro,
o mesmo.

o início de tudo,
a distância de tudo,
o tudo desmoronado:
lixo de tudo.

em meus passos espectrais
respiro meu pesadelo,
cego minha doença,
fixo meus sinais no céu,
cheiro meus flagelos,
até o mesmo
15,5 dia de fevereiro,
quando comemoro o não,
o nada.

11 fevereiro 2009

passo

sem surpresas
todo dia é novo

sem saudades
todo dia é velho

sem eu
todo dia é você

04 fevereiro 2009

sobrevida

em pólos
ando em algo parecido com vida
entre eles
viver é desconhecido.

25 janeiro 2009

notas


é só do que preciso.

uma fé sábia,
uma f'é prudente
uma que me dê todas as cores.


que não me deixe sozinho
quando fechar os olhos.

e no todo
escuro
me lembrar
em arpejos
que quis ter fé.

15 janeiro 2009

grito

surdo
só escuto
o apelo vingador
interno

surdos

dor

quantas vidas
a vida me levará
até descobrir a minha?

acabado

se de consciência padeço
e da dor física esqueço
não do mais amor puro agradeço
de você, dependente, despeço